Givaldo foi jogador, agora é torcedor
Publicado originalmente no blog PHDPor Jorge Angrisano Santana |
GIVALDO jogou no Cruzeiro em meados dos anos 80.
Não fez mais do que três dezenas de partidas com a azul estrelada.
Não entrou no panteão dos heróis celestes, mas virou um torcedor fiel.
Esta entrevista foi realizada por e-mail, há dois anos.
Não fez mais do que três dezenas de partidas com a azul estrelada.
Não entrou no panteão dos heróis celestes, mas virou um torcedor fiel.
Esta entrevista foi realizada por e-mail, há dois anos.
- Onde quando vc nasceu? Uberaba, em 03ag060.
- Quais são os nomes de seus pais e irmãos e o que eles fazem? Meu pai, João Antonio de Oliveria, já falecido foi meu maior exemplo de vida. Maria Aparecida de Oliveira, minha mãe, sempre cuidou do lar. Dois de meus irmãos jogaram futebol: Gilmar dos Reis de Oliveira foi campeão da Taça de Prata pelo Uberlândia e João Henrique de Oliveira, vestiu a camisa do Democrata de Valadares. Leandro Antonio de Oliveira foi o único dos quatro que não jogou futebol.
- Seu pai também jogou futebol? Em que time? Ele dizia que sim, no Uberaba Sport. Pra mim, ele o melhor técnico e preparador físico. Foi o meu maior ídolo.
- Onde vc estudou? Faculdade de Educação Física de Uberaba.
- Qual era seu time de infância? Nacional, em Uberaba, Cruzeiro, em BH.
- Na sua infância, era grande a rivalidade entre Uberaba e Nacional? Os nacionalinos já eram chamados de mãos pretas? Sim. Mãos pretas porque ficavam na arquibancada onde batia o sol e tinham de proteger as vistas com as mãos.
- Quais foram seus times de juventude? Comecei no juvenil do Uberaba Sport, depois fui pro Clube Atletico Abadiense.
- Que jogadores te inspiraram no futebol? Zico e Toinzinho, craque do Uberaba Sport.
- Onde e quando vc começou a jogar profissionalmente? Nacional Futebol Clube, de Uberaba.
- Por quais clubes vc jogou? Nacional, Mixto, pelo qual fui campeão matogrossense, Cruzeiro, onde fui vice campeão mineiro, Villa Nova, CRB, pelo qual fui campeão alagoano, e Uberaba.
- Quando e como vc chegou ao Cruzeiro? Em 1985, emprestado pelo Nacional. No mesmo ano, o Cruzeiro comprou meu passe.
- Quantas partidas e quantos gols fez com a camisa do Cruzeiro? Umas 30 partidas e creio que 3 gols.
- Vc era um volante que ficava mais na marcação ou saia pro jogo o tempo todo? No Naça, eu saia pro jogo, no Cruzeiro ficava mais na marcação.
- Como foi sua passagem pelo Mixto? Ótima, pois fui campeão.
- Por que vc saiu do Mixto? Fui pra lá emprestado pelo pelo Nacional e voltei ao encerrar o contrato de empréstimo. Enquanto estive lá, joguei ao lado do quarto zagueiro Marquinhos, do lateral direito Zé Carlos, do lateral esquerdo Berto, do ponta direita Junior Brasilia, do centroavante Gilson Pantera e do goleiro Ica, todos envolvidos nas negociações que levaram o Tostão II para o Cruzeiro.
- Quais foram suas melhores partidas pelo Cruzeiro? Cruzeiro 3×2 AtleticoMG, pelo Brasileiro 1985, Cruzeiro 2×2 AtléticoMG, 2º jogo final do Mineiro de 1985. Nesse jogo, levei o 3º amarelo e não joguei final, que perdemos com gol do Paulinho Kiss, na prorrogação. Sem falsa modéstia, afirmo que se tivesse jogado não perderíamos. Cruzeiro 3×0 Botafogo, pelo Brasileiro (dei o passe pro Carlinhos Sabiá marcar o 2º gol) e também Cruzeiro 1×1 Corinthians, pelo Brasileiro de 1985.
- E pelo Nacional? Nacional 1×0 AtleticoMG, no estadual de 1983, no Mineirão. Eu fiz o gol.
- E pelo Mixto? A final contra Operário de Várzea Grande. Empatamos em 1×1 e ganhamos nos pênaltis.
- Quais foram os melhores jogadores com quem vc jogou? Eudes, goleiro do Nacional, Zé Carlos, lateral do Mixto, Eugênio, beque do Cruzeiro, Marquinhos, ex Cruzeiro e Mixto. Ademar, lateral esquerdo do Cruzeiro, Paulinho Rodrigues, volante do Nacional, campeão brasileiro pelo Bahia, em 1988, Douglas, volante do Cruzeiro, Tostão II, meia esquerda do Cruzeiro, Carlinhos Sabiá, ponta direita do Cruzeiro, Carlos Alberto Seixas, centroavante do Cruzeiro. Na ponta esquerda, Jorge Leitão, do Nacional e Edu Lima, do Cruzeiro.
- Quais foram os melhores dirigentes com quem vc lidou? Luis Alberto Cecilio, do Nacional, e Lino Miranda, do Mixto.
- E os melhores treinadores? Da Silva (Nacional), João Francisco (Cruzeiro) e Aderbal Lana (Mixto).
- Como era o relacionamento entre os jogadores do Cruzeiro? Eram todos grandes companheiros, mas Eduardo Lobinho e Douglas foram amigos especiais.
- Quais as suas maiores alegrias no futebol? A maior foi quando o Cruzeiro comprou meu passe. A outra foi quando meu pai foi me ver jogar contra o AtléticoMG no Mineirão e passou a noite comigo na Toca da Raposa.
- E as maiores decepções? Duas operações consecutivas, no Cruzeiro> meniscos e apendicite.
- Por que vc não participou do jogo decisivo do Mineiro de 1985? Fiz falta no ponta esquerda Edvaldo, que se jogou no gramado como se estivesse morrendo, O Dulcídio Wanderlei Boschillia foi na onda e me deu cartão. O pessoal do AtléticoMG -Nelinho, Luizinho e João leite- me detestavam porque eu marcava muito. Eu fui inocente ao não perceber que o Edvaldo estava cavando meu cartão…
- Vc fez o pé de meia jogando futebol? O que ele lhe deu? Não, pois joguei pouco no Cruzeiro onde ganhava mais. Mas sou profundamente agradecido pelo futebol e principalmente ao Cruzeiro.Me sinto extremamente feliz por ter sido jogador de futebol.
- Vc é casado? Tem filhos? Eles jogam futebol? Sim. Quando jogava no Cruzeiro já tinha o meu primeiro filho, Samuel Moreno, que jogou na base do AtléticoPR, mas parou porque preferiu estudar. Hoje, é administrador de empresas e trabalha num banco. Outro filho, Lucas Moreno. nunca jogou. É formado em Engenharia Mecânica e trabalha como gerente de projeto numa empreiteira da Vale.
- Vc conheceu sua esposa na época de atleta profissional? Não. Ela era do bairro em que eu morava. Foi minha primeira namorada.
- O que vc faz, hoje em dia? Há 15 anos, trabalho como analista de importação e exportação da Norge Projects Ltda., em Vila Velha/ES.
- Vc acompanha o dia a dia do Cruzeiro? Sim. Eu e meu filho Samuel somos apaixonados pelo Cruzeiro. Vestimos o manto do clube e esticamos o pavilhão na sala pra assistir aos jogos do time. Quem tem camisa e bandeira é o AtléticoMG, nós temos manto sagrado e pavilhão celeste.
- Como foi sua relação com a torcida do Cruzeiro? Neste momento, estou recordando parte preciosa da minha vida. É um sonho! A coisa mais linda que se pode sentir. Não dá pra explicar este sentimento.
- Conte algum caso engraçado de sua passagem pelo futebol. Aconteceu num AtléticoMG 3×1 Nacional, no Mineirão. Falta na frente da área, tiro direto. Nosso goleiro era o Eudes. Como eu era o mais baixinho fiz a base da barreira como o goleiro pediu. Nelinho ajeitou a bola, o goleiro mandou eu empurrar a barreira pra esquerda. Logo depois do Nelinho, Eder também ajeitou a bola. Eudes mandou eu empurrar a barreira pra direita. E assim sucessivamente umas três vezes. Nelinho pra esquerda, Eder p direita. Até que Eudes me falou: “Givaldo larga mão, vamos ver o que vai dar…” Eu estava de costas pro cobrador e de frente pro goleiro pra receber as instruções. Aí, o Figueroa, lateral direito, que estava a meu lado, perguntou: “Vc não vai virar de frente pra bola, não, pô!”ão tinha virado de frente para o cobrador como sempre, eu estava de frente para o gol e de costa para o bola, Figueiroa me falou Givaldo não vai virar não pó? Eu respondi na brincadeira: “Tá doido, vc acha que eu vou perder um gol desses? ” Falei e me dei mal. Adivinhe o que aconteceu? A bola foi no ângulo direito. Sem ver, só pela trajetória da bola, eu percebi que o chute tinha sido do Eder.
- Vc mantém amizade com os companheiros da época de futebol profissional? Tenho poucos contatos, viajo muito pelo serviço mas quando sobra um tempinho e oportunidade é um grande prazer encontrar os boleiros antigos.
- Quais as melhores amizades que ficaram dos tempos de boleiro? Com Certeza, Carlos Alberto Seixas, padrinho do meu filho mais novo, Lucas Moreno. Marquinhos, quarto zagueiro, e o Paulo Rodrigues.
- Se tivesse de começar tudo de novo, voltaria a ser jogador de futebol profissional? Com certeza!
- Muito obrigado, Givaldo. Grande abraço, Jorge. Foi um prazer poder responder suas perguntas. Elas resgataram muita coisa boa que já estavam adormecidas em mim. Coincidentemente, hoje fui assistir a uma partida aqui e o treinador do Vitória é o Evaristo, que formava dupla do ataque do time de juniores com o Quirino, nos meus tempos de Cruzeiro… Obrigado, pela lembrança, saudações celestes… Zeeiirroo!!! Givaldo Miguel de Oliveira.
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