quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Vitor Braga (goleiro anos 70 e 80)




CRUZEIRO CAMPEÃO MINEIRO DE 1984 - Em pé: Douglas, Geraldão, Aylton, Carlos Alberto, Luiz Cosme e Vítor; Agachados: Carlinhos, Tostão, Eduardo, Carlos Alberto Seixas e Joãozinho.
Crédito: Arquivo Placar

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Vitor Braga: Breve história
Vitor Braga: Breve História parte 2
Em off 
Vítor Braga, o torcedor da Camisa 1
Por Jorge Angrisano Santana | Em 17 de outubro de 2008
Extraído do Blog PHD



» Pedro Leopoldo (MG), 23nov53
Com apenas 13 anos, Vítor de Paula Oliveira Braga estreou no time principal do Pedro Leopoldo. Cruzeirense, ele tinha em Raul Plassmann seu ídolo. E, como o Goleiro da Camisa Amarela, muito cedo, ele se revelou um craque debaixo do gol. Por isso, aos 15 anos, foi admitido nos juvenis do Cruzeiro.

Nesta categoria, ele ganhou seu primeiro título, o estadual de 1970. “Vencemos o Atlético por 5×1 na decisão, numa tarde em que o Joãozinho deu passes para os 5 gols do centroavante Juarez”, ele recorda.
Em 1971, Vítor estreou no time profissional contra o Flamengo, do Piauí, (Cruzeiro 1×0) e foi convocado por Antoninho, Carlos Alberto Parreira e Admildo Chirol para a Seleção Olímpica de 1972. Como reserva de Nielsen, do Fluminense, ele foi o primeiro cruzeirense a participar de uma Olímpiada.
Em 1974, convencido de que o salário de jogador de futebol não garantiria seu futuro, Vítor acumulou as funções de goleiro com as de vendedor da Enciclopédia Delta Larrousse e, em seguida, de corretor imobiliário.
Entre 1972 e 1974, ele  revezou no arco celeste com Hélio e Raul. E conquistou os títulos mineiros de 1972, 73, 74, 75 e 77, e a Libertadores de 1976, na condição de reserva.
Nessa fase, sua grande decepção foi a derrota de 2×1 para o Vasco na decisão do Brasileiro de 1974. O jogo entrou para a história por ter sido a primeira grande armação de tantas que mancharam a história do Campeonato Brasileiro. A decisão foi transferida do Mineirão para o Maracanã e o juiz carioca, Armando Marques, após várias marcações absurdas contra o Cruzeiro, acaboiu dando o título ao Vasco ao anular um gol legítimo de Zé Carlos no final da partida.
Para piorar, aos 34 do 2º tempo, Vítor saiu mal da área e Jorginho Carvoeiro fez o gol da vitória vascaína. Definitivamente, aquela foi uma noite pra se esquecer.
O maior jogo da vida de Vítor aconteceu em 11dez83, pela última rodada do Mineiro. Antecipadamente campeão, o Atlético jogaria pelo América – que disputaria a 1ª Divisão do Brasileiro (naquela época, Copa Brasil) – caso o Cruzeiro perdesse ou empatasse. E o time celeste disputaria a segundona do torneio nacional.
Na semana do clássico, os assuntos nas rodinhas de torcedores na Praça Sete, eram o prêmio que o América estava oferecendo ao Atlético e a chopada do título que reuniria jofadores e torcedores emplumados. Ao Cruzeiro, restaria o papel de coadjuvante na festa dos rivais.
Preocupados com a situação, na véspera do jogo, Vítor e o zagueiro Aílton ficaram conversando até altas horas tentando encontrar o jeito certo de parar o ataque alvinegro. “Estávamos tensos e envergonhados com o que se dizia nas ruas. Todo mundo já nos rebaixava antes mesmo de começar o clássico. Nós não aceitávamos a situação e fomos pro jogo com raiva. De cara, houve um contratempo: Aílton brigou com Olivera e foi expulso. Mas o time estava jogando a mil e terminamos o 1º tempo vencendo com um gol de Seixas. No início do 2º, Carlinhos Sabiá ampliou. Mas aí Ângelo Antônio Ferrari marcou pênalti inexistente contra nós. Fiquei louco. Fui pra cima dele. Discutimos e eu lhe disse que, se perdêssemos, encerraríamos nossa carreira naquela tarde, pois eu iria ajustar as contas com ele na frente da multidão. Eu estava possesso, gritei, quase pulei nele de tanta raiva. E não era cena. Eu estava disposto a tudo pra não perder aquele jogo.”
Depois da bronca, o juiz comportou-se bem e o Cruzeiro meteu um sonoro 4×1 no rival. Ademar, aos 38, e Carlos Alberto Seixas, aos 44, acabaram de aguar o chope dos campeões. Antes, houve um conflito generalizado. Seixas brigou com meio time do Atlético. Na confusão, Jorge Valença aplicou uma voadora mal calculada e caiu no meio de um grupo de cruzeirenses. Nessa hora, a razão prevaleceu e Vítor salvou o lateral emplumado de um massacre. Na confusão, foram expulsos Éder Aleixo e Paulinho Kiss, do Atlético, e Tostão II e Eduardo Lobinho, do Cruzeiro.

Cruzeiro 4×1 Atlético-MG, domingo, 11dez83, Mineirão, última rodada do returno do Campeonato Mineiro de 1983 – Público: 44.606 pagantes – Renda: Cr$44.978.000,00 – Juiz: Ângelo Antônio Ferrari - Vermelhos: Aílton, Tostão II, Eduardo Lobinho (Cru); Oliveira, Éder Alexio, Paulinho Kiss (Atl) – Gols: Seixas, 24 do 1º tempo; Carlinhos, 7, Paulinho Kiss, 19 (pênalti), Ademar, 38, e Seixas, 45min do 2º – Cruzeiro: Vitor Braga, Carlos Alberto, Eugênio, Aílton e Ademar; Douglas (Paulinho Batistote, depois Luiz Cosme), Orlando, Tostão II e Eduardo Lobinho; Carlinhos Sabiá, Carlos Alberto Seixas e Edu Lima. Tec: Ílton Chaves / Atlético-Mg: João Leite, Nelinho, Olivera, Luizinho e Miranda (Jorge Valença); Toninho Cerezo, Heleno e Marcus Vinícius (Paulinho Kiss); Catatau, JRLima e Éder Aleixo, Tec: Mussula.

Vítor é um sujeito de personalidade forte. Diz sempre o que pensa. “Diziam que eu era nervoso. Nunca fui, principalmente, debaixo do arco”, ele explica. Nervoso ou não, Vítor se meteu em encrencas com treinadores e dirigentes. Por causa de uma delas, foi jogar no Santos, em 1978. E, logo em sua primeira temporada, foi campeão paulista com os Meninos da Vila. Em 1981, ele se desentendeu com os cartolas santistas e voltou ao Cruzeiro, onde ficou até 1985.
Na final do 1º turno de 1984, após os 2×1 sobre o América, que deram o tricampeonato da Taça Minas Gerais e o direito de disputar final do Mineiro, ao Cruzeiro, houve briga nos vestiários. O vice-presidente Benito Masci desentendeu-se com diretores que lançaram a candidatura de Carmine Furletti à reeleição esquecidos do compromisso de alternância dos dois grupos no poder, firmado na eleição em que ambos venceram Felício Brandi.

Cruzeiro 2 x 1 América-MG, domingo, 23set84, Mineirão, final da Taça Minas Gerais (1º turno do Campeonato Mineiro) – Público: 38.678 pagantes – Renda: Cr$98.276.000,00 – Juiz: Maurílio José Santiago – Vermelhos: Tostão II (Cru), Adílson (Ame) – Gols: Adílson, 25 do 1º tempo; Seixas, 13 e 40 do 2º – Cruzeiro: Vitor Braga, Carlos Alberto, Geraldão (Luiz Cosme), Aílton e Ademar; Douglas, Tostão II e Eduardo Lobinho; Carlinhos Sabiá, Carlos Alberto Seixas e Joãozinho (Palhinha I). Tec: João Francisco / América-MG: Jorge Hipólito, Colatina, João Batista, Eraldo e Vâner; Adalto, Tepa e Luiz Alberto (Beto); Almir, Adílson e Zezé (Zezinho). Rec: Jair Bala.
A semana seguinte foi tensa e o time estreou mal no 2º turno. Perdeu (0×1) para o Democrata, de Sete Lagoas. Vítor discutiu com Benito que, por sinal, era amigo de seu pai. O dirigente reagiu dizendo que o mandaria embora, tão logo chegasse á presidência. Felizmente, o time cconquistou o título de 1984 e Vítor deixou o clube com a alegria da hegemonia mineira recuperada. E com um 4×0 sobre o rival.
Vítor experimentou, num jogo contra a Seleção de Castanhal (Cruzeiro 2×0), no Pará, o lado amargo do futebol. Estádio pequeno, iluminação fraca e muita disposição do time da casa fizeram da partida uma guerra sem sentido. Ele conta: “Aos 2 minutos, saí numa bola cruzada e o atacante me acertou o queixo com o joelho. Fraturei a mandíbula e fiquei várias semanas sem poder comer nem falar.”
O torcedor Vítor Braga honrou a camisa celeste em 175 partidas (levando 141 gols). Com ela, excursionou por 59 países. Sempre encontrando tempo pra visitar os museus de cada cidade por onde passou. Encerrado o ciclo no Cruzeiro, Vítor ainda jogou pelo Avai, de Florianópolis, e Vila Nova, de Goiânia, antes de trocar o esporte pelas atividades de marchand e de produtor da cachaça Vitorina, que destila em sua fazenda de Fortuna de Minas, a 100 Km de Beagá.
Hoje em dia, a carreira de atleta, com suas alegrias e tristezas, é apenas um quadro na parede. Ao lado das obras expostas na Vítor Braga – Rugendas Galeria de Arte, em Belo Horizonte.
» Livro: Páginas Heróicas, vol II





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Entrevista com o ex-goleiro do Cruzeiro Vitor
Publicada no blog Futebol de todos os Tempos


O craque disse e eu anotei - VITOR

A entrevista com Vitor foi recheada de declarações sobre bastidores e coisas que aconteceram naquela decisão de brasileiro em 1974 e sobre a primeira versão dos Meninos da Vila em 78.. Porem  alem de historias do futebol, pude realizar esta materia em um ambiente charmoso, cultural e repleto de historias. Vitor é um conhecido marchand em Belo Horizonte, dono de uma galeria repleta de quadros sensacionais , alguns deles com altos valores. Tive ali , naquela hora de bate papo , um aprendizado sobre pintores e seus estilos alem de muita simpatia por parte do entrevistado. Homem culto , educado e que nos proporcionou uma entrevista repleta de  detalhes bem descritos por ele.
Confiram!

FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS - Você se inspirou em algum goleiro no inicio de carreira?
VITOR  - Dois goleiros me marcaram muito. Um que eu gostava muito era o Renato que jogou no Atletico e Flamengo. Eu achava o Renato com um poder de ação e reação extraordinario eo o outro que na parte tecnica acho que foi exemplo pra toda uma geração, pela postura, um cara carismático mesmo: Mazurkiewicz. Eu tive a sorte de iniciar no Cruzeiro e em 74 enfrentei o Mazurkiewicz. Em cada mexida, cada defesa que ele fazia eu observava.Ele fazia as coisas altamente tecnicas sem muito esforço. As coisas pareciam acontecer naturalmente, talvez pela postura dele. Ele tinha muito do Raul, aquela coisa da colocação. Raul jogava em pé, bem colocado, naquela tranquilidade. Já o Mazurkiewicz era mais voluntarioso mas resolvia as coisas da maneira mais facil pois tinha muita tecnica. Creio que ele foi fundamental para a minha carreira.


FTT - Você nem bem chegou aos profissionais do Cruzeiro e já foi convocado em 1972 para a seleção brasileira Olimpica. Uma seleçao forte com jogadores como Abel, Osmar Guarnelli, Carlos Alberto Pintinho, Falcão, Angelo, Rubens Galaxe, Nilson Dias e que acabou sendo desclassificada. O que faltou a este time?
VITOR - Na realidade o que aconteceu foi o seguinte: naquela epoca os paises socialistas não tinham seleções profissionais e usavam as seleções principais como seleções olimpicas (amadoras).  Logicamente neste periodo pré 76 a maior parte dos campeões se você pegar será a Tchecoslovaquia, Hungria, União Sovietica. Nós ainda demos azar de cair na chave da Hungria mas mesmo assim tinhamos totais condições de vencer. O nosso grupo era tão bom que acabaram sendo cortados por excesso de bons jogadores  o Zico e o Eneas. Tinham jogadores excepcionais como o Dinamite, o Dirceuzinho ponta esquerda, o Angelo, Falcão. Imagina uma zaga com Abel e Osmar Guarnelli! O Nielsen era o outro goleiro. Nós perdemos para a Dinamarca na estreia (3x2) e depois fizemos uma partida maravilhosa contra a Hungria (2x2) . Acabou que no ultimo jogo a coisa desandou e perdemos para o Irã. Não sei te dizer o que faltou ao certo mas faltou um molho aí neste time.

NO CRUZEIRO JOGANDO ENTRE FERAS COMO TOSTÃO, DIRCEU LOPES , JOÃOZINHO & PALHINHA

FTT - O que houve com Raul no periodo de 73 e 74 que na maioria das vezes quem jogou de titular  foram o Helio e você (Vitor)?
VITOR -  Na verdade, o Helio era um goleiro muito bom tecnicamente tambem. O Raul brigou muito. Neste periodo o nosso treinador era o Ilton Chaves e ele teve uma relação muito desgastante com o Raul. A coisa acabaou complicando e o que aconteceu é que o Cruzeiro tinha tres goleiros muito bons. Quem entrava não saia. O Helio era muito bom. Teve então um jogo na semifinal do brasileiro de 73 contra o palmeiras e o Cruzeiro não jogou bem. O Ilton Chaves resolveu sacar o Helio e me lançou.Com ele era assim: jogou bem continua. E naquele time não tinha como perder pra ninguem. Um meio de campo que tinha Ze Carlos, Piazza e Dirceu Lopes era uma maquina. Dificil de perder.


Zé Carlos, Nelinho, Procopio, Vitor, Perfumo e Vanderlei . Agachados: Eduardo, Palhinha, Candido, Dirceu Lopes e Rodrigues

FTT- Você jogou ao lado de Procopio e Perfumo. Para muitos a dupla de zaga do Cruzeiro de Todos os Tempos. fale um pouco do futebol dos dois e se considera tambem a melhor dupla que o clube teve.
VITOR - Os dois jogaram juntos a maior parte do campeonato de 74. O Procopio estava voltando de uma longa contusão e voltou muito bem. Estava jogando muito.Na reta final não me lembro ao certo qual o motivo mas parece que teve um desentendimento tambem do Procopio com o Ilton Chaves. Acabou entrando o Darci Menezes. Mas o Procopio alem de uma pessoa fenomenal era um craque. A zaga Procopio e Perfumo era mesmo muito boa. O Perfumo era um craque mas jogava muito calado. Quem brigava e falava era o Procopio. Os dois eram muito tecnicos , principalmente o Perfumo. Porem o Procopio era mais vigoroso, queria ganhar tudo. Para mim eu não me lembro de uma zaga como os dois . Em posicionamento, altura, em tudo. Perfeita.




Procopio e Perfumo são eleitos na maioria das pesquisas como a zaga perfeita do Cruzeiro .

FTT - Você pegou talvez um dos melhores times na historia do Cruzeiro. A transição dos jogadores dos anos 60 como Piazza, Procopio, Piazza, Dirceu Lopes  com a nova geração de Perfumo, Nelinho, Eduardo, Roberto Batata, Palhinha e Joãozinho. O que dizer deste time?
FTT - Você falou tudo. Aquele time era excepcional. Tinha como principal pilar o Zé Carlos.Zé Carlos foi o jogador de meio campo mais tecnico que eu conheci em minha carreira. A posição que ele jogava ali como um meia armando,  era a mesma que jogavam os dois considerados os maiores do mundo, Beckenbauer e Falcão. Porem para mim os dois não chegavam na "unha" do Zé Carlos. Se Zé Carlos jogasse hoje era jogador pra ganhar mais de 1 milhão por mes. O esteio ali com Ze Carlos, Piazza e Dirceu Lopes era mesmo fantastico.




Piazza, Fontana, Perfumo, Vitor, Tostão, Eduardo, Ze Carlos, Roberto Batata, Vanderley, Repetto e Dirceu Lopes - Encontro de duas gerações em 1972


FTT - No triangular final do Brasileiro voces pegaram o Santos de Cejas, Marinho Peres, Turcão, Clodoaldo, Brecha, Pelé e Mazinho. O jogo foi no Morumbi. Se lembra desta partida?
VITOR - O Cruzeiro fez partidas excepcionais naquele ano. Me lembro de uma partida memoravel que fizemos contra o Corinthians no Pacaembu.Vencemos por 1x0. Teve outra contra o Inter.Foram jogos marcantes mas realmente este contra o Santos foi o maior deles. O Cruzeiro jogou tanta bola neste dia que teve um detalhe interessante. A defesa do Santos começou a bater, mas a bater mesmo. Só que o Cruzeiro fez 3x0 rapidamente. Foi quando o Pelé gritou lá na frente. "Não adianta voces baterem  nos caras, voces não vão bater. Voces não estão achando ninguem e não adianta ficar dando pancada . Pelé usou este termos. Perguntou aos defensores porque eles estavam batendo e disse para não baterem mais. O proprio Pelé reconheceu que eles não acharam nosso time. Nelinho e Dirceu Lopes fizeram dois golaços e um detalhe em cima do Cejas um goleiraço.


FTT - Cruzeiro e Vasco terminaram então empatados mas por ter maior maior soma de pontos a final seria no Mineirão. Acabou que a diretoria do Vasco alegou invasão de campo no jogo anterior e a partida foi transferida para o Maracanã. Como voces jogadores viram esta situação?
VITOR - O   que aconteceu foi o seguinte. Numa partida antes da do Santos o Cruzeiro jogou com o Vasco no Mineirão e o Sebastião Rufino roubou tanto , mas tanto que deixou de marcar dois penaltis clarissimos. Um foi tão indecente que os dirigentes não aguentaram e invadiram o gramado no finzinho do jogo. Se neste jogo ele tivesse apitado certo nós teriamos vencido e jogariamos em São Paulo pelo empate ou seja sairiamos de lá campeões. Bem aconteceu, e o que houve a seguir foi o seguinte. Muitos dizem que o Felicio Brandi se vendeu porque a cota da CBD para o Cruzeiro era muito boa. Uma grande injustiça que fazem com o Felicio. Não teve nada disto; a CBD forçou o Cruzeiro a aceitar a transferencia para o Maracanã pois o Cruzeiro teria uma viagem e um jogo seis dias após a final do campeonato para um torneio nos Estados Unidos e Canadá.. Uma excursão muito boa do Jorge Guttman e que naquela epoca gerava muita receita aos clubes. Então o que ocorreu foi que a CBD falou "ou voces veem para o Rio ou não viajam para o exterior" e acabou o assunto. Para se ter ideia, naquela epoca uma excursão destas representava tres meses de salario do clube, não é como nos dias atuais.Quero aproveitar para fazer esta correção na historia pois o Felicio Brandi foi um homem fantastico  e que preparou o Cruzeiro para ser o que é hoje.O maior presidente até hoje.

 
FTT - E a  mudança de local do jogo foi de repente, o prazo era curto para a final e a excursão.
VITOR - Foi de um dia para o outro. Uma correria pra arranjar hotel, campo pra treino, avião.


FTT - E a torcida do Cruzeiro conseguiu comparecer em bom numero mesmo tendo que se mobilizar de uma hora para outra?
VITOR - Ah foi sim. Eu acho que tinham uns 8 mil cruzeirenses presentes.
FTT - Esquecendo a inversão de mando de campo no jogo você acha que o Armando Marques foi tendencioso ou o Vasco foi mesmo melhor?
VITOR - O Vasco tinha um bom time mas o Armando Marques foi decisivo neste jogo.


FTT - O que Armando Marques alegou no gol de Ze Carlos aos 44 minutos do segundo tempo ?
VITOR -  Ninguem sabe. Até hoje ele não falou. O bandeira que estava do lado de lá era o Oscar Scolfaro na época um dos grandes juizes do Brasil. Para você ter ideia, estávamos saindo do vestiario eu, Dirceu Lopes e Nelinho, arrasados. Na saida perto do vestiario dos juizes nos encontramos com o Scolfaro e ele gostava muito do Dirceu Lopes. Então ele se aproximou e disse : "ohh baixinho, quero te pedir desculpas por este erro monumental do meu colega. Lamento profundamente."  Você ve que ele era o bandeira e corre para o meio de campo validando o gol. Você ve que quem cruza a bola é o Baiano que entrou no lugar do Eduardo. Se a bola estivesse pelo menos proxima da lateral ou coisa parecida mas não....a bola estava mais de 1 metro dentro do campo. O Zé Carlos quando sentiu o lançamento, aproveitou que o Miguel e Moises estavam mal posicionados, saiu por trás deles e ficou sozinho na cara do Andrada. Eu acho que talvez seja o gol mais escandalosamente roubado da historia do futebol mundial. Eu já disse muitas coisas que eu tinha pra dizer sobre o Armando Marques, ao Milton Neves a Placar e ele ameaçou me processar. Eu não estou nem aí. Na copa de 1978 o Carlos Alberto Cavaleiro confidenciou para o Nelinho que na tarde daquele jogo o senhor Antonio do Passo , que era igualzinho ao Eurico Miranda só que ele era mafioso , não falava chegou na sede da CBD e presenciou  o Antonio do Passo falando para o Armando Marques: olha Armandinho, se o Vasco não for campeão brasileiro sua carreira de arbitro se encerra aqui hoje. Quem confidenciou isto ao Nelinho  foi o Carlos Alberto Cavalheiro um homem serissimo. O Antonio do Passo não era apenas dirigente do Vasco . Para quem não sabe ele era inspetor da CBD tambem. Tinha influencia direta lá dentro.  Você pode perguntar pra qualquer um que estava em campo seja o Piazza,, Ze Carlos, Nelinho, Palhinha qualquer um. Todos pensam somente neste lance do gol mas foi muito mais complicado. O Piazza era capitão e qualquer coisa que ele ia falar o Armando já gritava: capitão, capitão se falar mais alguma coisa vai pra rua. Do lado de lá o Miguel e Moisés batendo com força e o Palhinha tomando porrada. O Armando chegava pra ele e dizia: senhor Wanderlei, Wanderlei Eustaquio não caia que eu não vou marcar falta dizia ele com aquele vozinha caracterisrtica dele. Do lado de lá, o Perfumo com aquela elegancia dele nem encostava nos caras do Vasco e o Armando dava falta. Qualquer um que caia ele falava que iria expulsar. Foi amarrando nosso time, travando todo mundo. Ele não só anulou um gol legitimo como sufocou o time do Cruzeiro. O Armando era um cara muito inteligente , muito bom  juiz só que não fazia as coisas para o bem. Tecnicamente era bom só que fazia as coisas que interessava para ele.

Primeiro gol do Vasco com Ademir chutando cara a cara e  Vitor tentando fazer a defesa


FTT - Você revendo o lance do segundo gol vascaino faria algo diferente hoje ou acha que levou azar ?
VITOR - Eu falhei no segundo gol. Foi meio que uma alto defesa. Eu havia me machucado no jogo anterior e ralei minha coxa de cima em baixo. Para você ter ideia tive de voltar de calçaõ no avião tamanho foi o ferimento. O gramado do Morumbi naquela epoca não era como hoje em dia. Parecia uma quadra de cimento, duro e seco.Eu ralei numa saida nos pés do Brecha e noutra jogada nos pés do Pelé.Chegou a vespera do jogo e o Ilton Chaves me disse que eu é quem iria decidir se dava para jogar. Fui para o jogo pois não queria perder aquela chance mas sem totais condições.


FTT - Você lembrou do gol anulado e falou do Andrada. Outro grande goleiro.
VITOR - O Andrada foi um cara que inovou com aquela devolução rapida dando uma chicotada na bola e não aquele costumeiro balão. Hoje você ve o Rogerio Ceni fazendo muito isto e puxando aquele contra ataque.Andrada é o precursor. É a escola Andradiana. Ele era um goleiro que tinha algumas firulas, tinha aquela mania de quando caia rolava pra lá pra cá, outras parecia estar desmaiado mas tecnicamente ele era muito bom. Se fizessem uma seleção deste jogo Cruzeiro e Vasco entrariam do time deles apenas o Andrada e o Roberto Dinamite.


FTT - E você?
VITOR - Não, Andrada era superior a mim. Era muito bom goleiro.


FTT - O que dizer do Roberto Dinamite?
VITOR - O Roberto foi fantastico. Ele não tinha aquele deslumbre dentro da  area que aliás,  o maior que eu vi neste quesito se chama Reinaldo. Nem Pelé superou o Reinaldo dentro da area. Porem o Roberto chutava muito bem e se posicionava sempre no lugar certo. Artilheiro nato.

FTT - Você disse que apenas cinco dias após a final O Cruzeiro viajaria para amistosos nos Estados Unidos. O primeiro deles foi contra o Benfica muito forte na epoca.
Vitor - Foi um espetaculo este jogo. Uma partida onde o Benfica começou estraçalhando o Cruzeiro e fez 3x0 em 15 minutos de jogo. Nosso time estava atordoado e perdido em campo. Aos poucos foi equilibrando e se não me engando fizemos um gol e terminamos o primeiro tempo perdendo por 3x1. (Na verdade foi 3x2, Zé Carlos e Roberto Batata ) . No intervalo eu falei com o Ilton chaves para colocar quem realmente estava bem e com vontade de jogar. O time então cresceu e o jogo era lá e cá.Tinham os antigos craques do Benfica como o Eusebio, Humberto, Simões e novatos como o Nenê e Jordão.

FTT - Pelo que vejo você era um jogador que não gostava de perder.?
VITOR - É verdade. Sou um cara que brigava , mas sempre fui jogador de fechar com o grupo e não aceitava jogador fazendo corpo mole. Ocara começava a sair pra balada eu chamava o cara e falava com ele junto do grupo. Nunca levava pra imprensa e resolviamos ali. dizia que ele estaria nos prejudicando . Outra coisa: se era para discutir premio, discutiamos mas eu não aceitava jogador fazer corpo mole. Eu preferia ganhar 10 mil reais e ser campeão do que ganhar um milhão e perder o titulo. Quando eu entrava no campo eu queria ganhar, queria matar. Eu acho muito certo o jogador reinvindicar um melhor premio, um mlehor salario mas na hora de entrar em campo eu não aceitava o cara pensar apenas nele. Tinha o clube ali representadoe toda uma nação.Para você ter ideia eu jofuei dois anos no Santos e ganhei uma placa escrita: Simbolo da raça santista." Isto me marcou muito pois eu queria morrer mas não queria perder.Então as vezes acontece que o jogador se chateia por uma bobagem ou as vezes nem é bobagem, é um direito dele mas eu acho que se entrou em campo ele tem de esquecer aquilo ou então não entra.

Eusebio e Vitor em partida amistosa disputada nos Estados Unidos - Benfica 5x3 Cruzeiro
FTT - Porque acabou saindo do Cruzeiro?
VITOR - O Raul já tinha voltado a algum tempo e era o titular. Eu na reserva até que no final de 77 entrando em 78 o Cruzeiro fez uma reformulação. trouxeram o Ze Duarte tecnico da Ponte Preta e ele trouxe o Luiz Antonio, por sinal um belo goleiro. O Raul saiu para o Flamengo e apareceu então o convite do Santos através do Formiga. O Ze Duarte começou então a desmontar o time do Cruzeiro. O Piazza acabou resolvendo parar, dispensou o Ze Carlos que acabou sendo campeão brasileiro no Guarani e eu fui para o Santos.


VITOR E O SURGIMENTO DOS MENINOS DA VILA


FTT - Você  foi então fazer parte dos Meninos da Vila.
VITOR - Fui mas na epoca dava até para assustar. O Santos estava sem credito, tinha uma estrutura muito ruim e meio que desmantelado.  A diretoria nova então trouxe o Formiga que foi muito inteligente e resgatou o Clodoaldo que estava meio brigado e colocou o como lider assim como o Ailton Lira. Trouxeram de uma vez só do São Paulo os dois laterais que estavam brigados lá: Gilberto e Nelsinho e tinhamos uma zaga forte com Joãozinho que era irmão do Bezerra mais tecnico e o Neto batendo até na alma. Então a gente segurava ali atrás , principalmente nos jogos no interior e deixava a meninada liberada lá na frente.



FTT - Quem te impressionava dos jogadores deste time?
VITOR - O Clodoaldo pela sua experiencia pela tranquilidade em campo. Agora um time que tinha um meio de campo com Clodoaldo, Ailton Lira e Pita e Juary mais a frente não er brincadeira. Tinhamos ainda dois pontas tão bonas que alem de chegar na linha de fundo e cruzar eles ajudavam e voltavam pra buscar bola no meio e partiam com ela. Mas o esteio mesmo , a sustentação deste time era o Clodoaldo, Ailton Lira, Pita e Juary.


FTT - O grupo era muito forte. Tinham varios que entravam como Ze carlos, Toninho Oliveira, Rubens Feijão e Claudinho.
VITOR - Era. O Claudinho por exemplo era muito bom tambem. Tinha uma tecnica refinada só que não era jogador pra pancada. Muitas vezes nos jogos do interior ele dava uma sumida mas era um grande jogador.


FTT - Comparando os meninos da Vila de 78 com os atuais como ficaria sua seleção?


Vitor - Fabio Costa
Gilberto - Maurinho = Gilberto
Neto - Alex = Alex
Joãozinho - Andre Luiz = Joãozinho
Nelsinho - Leo = Empatado. Só acho que Nelsinho foi muito importante pela experinecia.
Clodoaldo - Paulo Almeida = Não dá para comparar.(Clodoaldo)
Ailton lira - Renato = Lira
Pita - Diego = Briga boa. Vou olhar pelo conjunto do que aconteceu depois. E olhando assim fico com o Pita. O Diego não se manteve em evidencia.
Nilton Batata - Robinho = Aí é Robinho indescutivel.
Juary - Alberto = Juary
João Paulo - Elano = Posições diferentes mas os dois se equivaliam. O João Paulo foi muito bom mas o Elano jogou muito tambem.

FTT - E a final contra o São Paulo?
VITOR - O São Paulo tinha um senhor time, muito bom. Eu não joguei porque dois jogos antes eu me machuquei em um lance com o Socrates. Jogou o Flavio. No lance final nós perdemos por 1x0 e fomos  para a prorrogação. Se empatassemos na prorrrogação o titulo era nosso. Eu neste jogo fui comentarista da rede Bandeirantes e estava com a perna engessada.No finzinho eu fui para a beirada do campo  e fiuei escondidinho e não queriam deixar eu entrar por causa do gesso e da perna. Eu entrei , me escondi atrás de uma placa e fiquei vibrando feito louco. Ahh não conseguia mais ficar lá em cima.Eu tinha que star ali naquela hora.
FTT - E o que dizer sobre os jogadores do Santos de hoje em dia. Meninos da Vila geração 3, Como por exemplo Pita x Ganso?
VITOR - Briga boa mas fico com o Pita.Mas sabe o que é, o Neymar é tão diferenciado, tem jogado tanta bola que impressiona. Pode até ser que ele não va conseguir grandes titulos no futuro mas a habilidade dele, a objetividade e velocidade com que ele parte para o gol. Eu ainda peguei uma epoca em que o grande jogador tinha mais espaço para driblar, podia fazer estas firulas. Hoje não. os caras chegam juntos e o Neymar consegue ter um arsenal de dribles diferentes. Necessita apenas ter um capitão exigente ao seu lado que lhe cobre em certas horas.o Neymar é o jogador mais tecnico que eu conheci em minha carreira juntamente com o Reinaldo. O repertorio dele é inesgotavel.

FTT - O que faltou ao Santos para chegar as finais naquele brasileiro de 78?
VITOR - A falta de estrutura do Santos. O clube desmanchou aquele time quase que de imediato, não sobrou ninguem. Tres anos depois montou outro belissimo time com Serginho, Rodolfo Rodriguez, Ze Sergio mas este time de 78 foi mesmo por falta de estrutura. Quando eu cheguei lá o time estava todo travado, sem credito. Quando eu ia sair do Cruzeiro o pessoal em BH falava: mas você vai pro Santos? O time lá acabou. Eu disse: acabou como ? Aquilo é uma nação, tradição, o time de Pelé, Coutinho, Zito e cia.Na região do ABC que tem muito nordestino eu vi a quantidade de torcedores santistas que moravam ali. Não tinha como acabar com uma historia.


A VOLTA AO CRUZEIRO EM UM PERIODO MUITO DIFICIL - ANOS 80





FTT - Você então retorna ao Cruzeiro e ve o time numa fila de 6 anos sem ganhar o mineiro. Bem diferente de quando você saiu nos anos 70.
VITOR - É. Aquele time dos anos 70 já não existia mais e quando voltei em 83 o time passava por momentos ruins.

FTT - Chega 84 e voces quebram a hegemonia do Atletico.
VITOR - Em 1984 o Cruzeiro conseguiu montar um time eficiente que mesclava juventude com experiencia pois o time trouxe de volta o Palhinha e o Joãozinho e o zagueiro Ailton do Sport. Tinha um um jogadorzaço que era o Douglas. Jovem e  foi um dos melhores que vi naquela posição


FTT - Neste time tinha um jogador com nome de craque: Tostão. Era um bom jogador tambem?
VITOR - Foi genial. Fizemos uma partida contra o Mixto de Cuiabá e perdemos de 4 (4x2) e o Tostão fez 3 gols. Acabou com o nosso time. Os dirigentes então o compraram. Mas o Tostão era cracaço, jogava muito mesmo.

Cruzeiro 1984 - Em pé a partir da esq. Vitor , Ailton , Ademar, Zezinho Figueroa, Carlos Alberto e Luiz Cosme. Agachados: Carlinhos, Carlos Alberto Seixas, Eduardo, Tostão e Joãozinho.

VITOR BRAGA - MARCHAND  

FTT - Quando foi que você começou a se interessar por quadros e artes em geral?
VITOR - Papai era pintor de quadros. Ele pintava desde a epoca de 40. Então fui criado dentro de atelier. Foi então a partir de 76 que comecei a me envolver mais e quando fui jogar no Santos, deixei minha galeria aberta. Começou a dar certo, voltei a jogar aqui novamente e aí não parei mais.


FTT - Qual o quadro mais valioso que você vendeu em sua galeria?
VITOR - Nós já vendemos quatro portas do Guignard por 1 milhão de dolares.


FTT - O que é porta?
VITOR - São pinturas feitas em portas como portas de armarios. Porem estas coisas não vem mais, muito raro aparecer algo assim.Tem muita coisa boa no catalogo mas estas coisas assim não aparecem mais. E quando aparece dificilmente vem parar nas nossas mãos pois ficam no mercado de Rio e São Paulo.
FTT - E entre os pintores mineiros quem você destacaria nacionalmente?
VITOR  - Nós já tivemos grandes pintores aqui e muitos acabaram esquecidos. Nós tivemos inclusive um genio aqui chamado  Genesco Murta  e que morou com Modigliani em Paris. Este cara foi um genio, genio mesmo. Tinha uma pintura extraordinaria, uma beleza. Porem eu acho que a poesia maior da arte brasileira, a alma pura que passava para a tela,  um artista puro e poetico e acho que dificilmente termos outro igual se chama Alberto da Veiga GUIGNARD. Jamais apareceu um cara parecido com ele, jamais. Um genio.Quando todos pintavam o belo ele pintava o feio. O maior de todos.

O FUTEBOL E A  ARTE

FTT - Você que é tão entendido em artes , daria para fazer um paralelo do time do Cruzeiro com algum pintor ?
VITOR - Aquele primeiro time do Cruzeiro (anos 60) tinham varios craques fora da media. Dirceu Lopes por exemplo dava um corte no zagueiro a quase 20 metros de distancia e derrubava o cara. Era o time da inteligencia , da genialidade e falando em genialidade.....(Vitor fica pensativo e extasiado), tinha tanto genio na epoca e um bem ousado , assim como aquele time do Cruzeiro, porque aquele time tinha ousadia. Podia levar dois gols mas fazia quatro. O time jogava pra frente, pra vencer, tinha encantamento na sua forma de jogar. Então você  pega um artista que brilha aos olhos pela cor, pela luminosidade e que estava a frente do seu tempo , inovador e este seria. Van Gogh. Um artista que sofreu no seu tempo pela sua ousadia. Penou por buscar tanta luz, por ser tão ousado na epoca, pois o que se viam eram aquelas coisas tradicionais, academicas. Seria então o Van Gogh pela luminosidade e ousadia.





FTT - Quais foram os maiores zagueiros que você teve jogando ao seu lado ou contra?
VITOR - Tecnicamente dificilmente alguem vai superar o Perfumo. Porem não era o jogador que eu queria para o meu time. Talvez eu comprasse até um jogador com menos qualidade tecnica e mais viril mas que fosse mais importante na decisão e que não fosse tão frio. Perfumo jogava muito bonito tanto é que foi eleito na seleção da Fifa. Só por isto dá pra se ter uma ideia da importancia dele. Eu tenho profunda admiração e o conheço bem mas no Perfumo faltava aquela coisa de grupo , de um pouco mais de  determinação . Luis Pereira foi o mais completo. Figueroa era muito bom tambem apesar de um pouco viril. Mas eu preferia um zagueiro com a metade do futebol do Figueroa do que um clássico como o Perfumo. Figueroa era um guerreiro, se doava ao time. Eu costumava gritar muito para orientar meus companheiros e gosto de zagueiros que falam e vibram tambem.


FTT - Quais foram os 7 maiores atacantes que você enfrentou ou que jogaram ao seu lado?
VITOR - Pelé, claro. Reinaldo, Jairzinho. Roberto Dinamite, Zico, Dario um jogador muito eficiente, Dirceu Lopes, Palhinha. Palhinha era muito bom. Era menos genial do que Reinaldo mas era mais agudo, mais decidido e tinha muito boa tecnica tambem.

FTT - A escola de goleiros argentina e uruguaia sempre foi famosa. Você acha que hoje o Brasil tem melhores goleiros do que eles? Os nossos goleiros evoluiram?
VITOR - O que acontece é que hoje os goleiros tem uma estrutura bem melhor. Tem um preparador só para eles e na minha epoca não. A gente treinava sozinho e hoje eles tem um treinamento especializado e muito bem feito. Antigamente era tudo mais dificil, desde a luva ao material de treino. Hoje temos excelentes goleiros mas antigamente tambem tinhamos. Varios em condição de servir a seleção

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